quinta-feira, 20 de março de 2014

O que ninguém disse sobre a Forever 21

Hoje meu post vai ser diferente: uma resenha sobre a loja Forever 21, inaugurada no último fim de semana no shopping Morumbi. Ontem foi o meu dia de conhecê-la. Anônima, sem vínculo nenhum, como qualquer outra consumidora. E a experiência foi bem distante da expectativa levantada por todo o marketing em torno do "evento".

A estratégia foi certeira: grandes veículos de comunicação e todas as importantes blogueiras divulgaram a inauguração, digna da mesma atenção de uma estrela visitando o país. A promessa: bons preços e qualidade superior às demais redes que temos por aqui. De fato, parte dessa premissa estava certa, mas ninguém me contou que...

... eu pegaria 40 minutos de fila para poder entrar na loja (no fim de semana chegou a 5 horas, mas achei, ingenuamente, que numa bela quarta-feira pela manhã seria mais tranquilo);

... eu pegaria mais uns 30 minutos de fila para entrar no provador;

... que o provador permitia apenas a entrada de seis peças, e que se eu quisesse provar outras, teria que pegar toda a fila novamente (sempre a cada seis peças);

... que eu e outras mulheres teríamos de experimentar peças por cima da roupa na fila do caixa, porque estávamos levando sem experimentar e ficamos com receio de nos arrepender, mas não nos atreveríamos a retornar à fila do provador;

... que os tamanhos continuam no padrão norte-americano, e que não havia tabelas para consulta, a fim de facilitar a vida das clientes, já que provar era uma saga;

... que a grande maioria das peças era equivalente ao tamanho 36 no Brasil, e que pessoas de manequins maiores (acima de 38) precisariam de muita paciência para encontrar algo que servisse;

... que boa parte das peças era justíssima, estilo periguete (será que foi escolhido especialmente para o Brasil?), ou com recortes pouco favoráveis a "mulheres reais";

... que todos os produtos (pelo menos todos os que consultei) eram made in China, o que cria um belo peso na consciência, sabendo que a possibilidade de haver trabalho escravo por trás subiu para 95%;

... que as bijoux mais baratas eram $ 11,90 (e não $5,90), e que os colares mais bacaninhas custavam no mínimo $ 41,90;

... que eu deixaria de levar pelo menos 5 peças porque não havia tido como experimentá-las;

... que eu pegaria mais uns 25 minutos de fila na hora de pagar (felizmente, minha querida amiga segurou o lugar na fila enquanto eu pesquisava um pouco mais).

O público é que era grande? Bem, vocês fizeram o marketing: não estavam preparados para o retorno - como a maioria das TVs a cabo ou operadoras de celular, que fazem propaganda e depois não dão conta? Porque não pensaram em provadores maiores, em mais caixas, em maior espaço, em x, y ou z?

Não, a experiência não foi ruim, porque eu estava acompanhada de duas pessoas fofíssimas, porque o papo foi ótimo, porque comi no Burguer King (fiz bicicleta depois, pra compensar), e porque pude encontrar duas calças jeans skinny por $ 34,90 cada, um shortinho bordado de $ 63,90 e um colar de $24,90.

Se eu faria isso de novo? Não. A não ser que fosse para auxiliar um cliente ou um amigo que fizesse questão (o que nunca consigo recusar), até porque nesse caso o sofrimento consciente não seria meu. Eu volto, sim, mas quando houver maior conforto para que a experiência seja realmente 100%. (Ah, outra ressalva: os funcionários foram ótimos em auxiliar.)

Espero que a loja, cuja iniciativa e produtos em geral são atraentes, crie uma estrutura mais respeitosa com os consumidores (especialmente nos provadores) e estabeleça uma relação real de vantagem para este nosso reino tupiniquim. Porque eu realmente me senti uma cidadã do terceiro mundo lá dentro.


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